Ansiedade, irritabilidade, insónias, dores de cabeça e falta de apetite. Estes eram alguns dos sintomas das mulheres diagnosticadas com histeria no século XIX. Uma doença que os profissionais acreditavam ser causada por deslocamentos no útero e que só tinha um tratamento: uma massagem no clitóris até as pacientes chegarem ao “paroxismo histérico”, isto é, ao orgasmo.
O distúrbio era comum ao ponto de as mulheres encherem os consultórios e os médicos começarem a ter uma lesão por estarem sempre a repetir um esforço “aborrecido, chato e fisicamente exigente”, explica Chris Wild num artigo publicado no Mashable. Assim surgiu o primeiro vibrador a vapor. Chamava-se “The Manipulator” e foi criado pelo médico George Taylor em 1869 para… conseguir descansar as mãos e atender mais clientes.
O instrumento popularizou-se e, entre gritos e gemidos, nasceu o vibrador movido à manivela e, mais tarde, a eletricidade. No fim de cada sessão, as mulheres ficavam mais relaxadas e os sintomas desapareciam por um curto período de tempo. Quando os vibradores passaram dos consultórios para as gavetas das pacientes, rapidamente surgiram anúncios a vários modelos com diferentes preços e velocidades. Todos a prometerem “saúde e beleza”.
Só em 1952 é que a classificação do termo “histeria” deixou de ser associada aos sintomas do desejo feminino e passou a definir um transtorno dissociativo. O vibrador passou então a ser visto como um aparelho vibratório usado para produzir estímulos sexuais em vez de um instrumento para fins terapêuticos.
Contudo, não foi preciso muito tempo até a pornografia atribuir uma conotação negativa ao uso do aparelho. Os comerciantes começaram a usar formas discretas para anunciar os seus vibradores: desde massajadores para o pescoço até vibradores faciais que vinham em caixas de eletrodomésticos.
Foi só graças à revolução sexual feminina da década de 60 que o vibrador passou a ser aceite como um acessório para auxiliar no prazer e satisfazer os desejos sexuais.
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Fonte. Ana Dias Ferreira. (Observador)
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