OS SINGLES MASCULINOS

Um tema extremamente sensível e que inevitavelmente acabará por ferir algumas suscetibilidades. Mas, estamos numa época em que todos os assuntos são passiveis de ser discutidos e os direitos humanos têm estado na “boca do mundo”. Para quem não sabe o que é um single masculino passo a explicar. O mundo liberal é composto por pessoas, certo? E parte dessas pessoas são homens que o frequentam sozinhos. Depois de esclarecida esta questão, debrucemo-nos sobre o que aqui nos trouxe.

Poder frequentar o mundo liberal é um privilégio. Não por ser um mundo exclusivo ou por ser um “clube” onde só os especiais são aceites, nada disso. Um privilégio porque, simplesmente o podemos fazer, temos a ousadia de o fazer ou temos as informações necessárias para o fazer. Muitas pessoas, por questões morais, laborais, pessoais ou até mesmo por falta de informação, não podem frequentar o circuito liberal. E é desta forma, que eu e o meu marido nos sentimos, uns privilegiados.

Mas, como em qualquer outro meio onde nos encontremos, existem regras e um código de conduta que deve ser cumprido. As regras são as básicas, respeito, discrição e educação. Parece bastante simples, mas não é. Somos seres humanos, cheios de manias, traumas, taras, carências e educações deficitárias, um verdadeiro “cocktail molotof” para originar relações tóxicas e mal resolvidas. Porém, o combo de particularidades que nos definem, não são desculpa para comportamentos inaceitáveis.

A maioria dos clubes de swing e saunas, aceita singles masculinos, todavia estes não são bem vistos, juntos dos casais que frequentam estes espaços. Por isso, os casais são cada vez mais raros nestes ambientes inclusivos. Preferindo espaços ou dias, onde só sejam permitidos casais ou singles femininas. A explicação é óbvia, a maioria dos singles masculinos não se sabe comportar.

Passo agora a relatar, uma situação que eu e o meu marido vivenciámos. Há um tempo atrás, fomos a um espaço liberal em Évora onde estavam alguns casais e alguns singles masculinos. Quando chegamos, percebemos que o ambiente estava tenso. Os casais estavam incomodados com o comportamento de alguns singles e mesmo depois, de terem sido chamados à atenção pelos proprietários, não alteraram em nada a sua postura. Perseguindo e impondo a sua presença junto dos casais, sem terem sido convidados. Obviamente, que foram rejeitados e em resposta à rejeição, foram extremamente indelicados. Levando a que a maioria dos casais se fossem embora. Nós permanecemos no espaço, o meu marido é muito alto e forte, o que intimida a maioria dos singles masculinos, colocando-nos a salvo de possíveis dissabores, contudo não podemos deixar de condenar o que presenciámos.

Estes senhores têm que perceber que, “a nossa liberdade acaba quando começa a liberdade do outro”, que o facto de terem pago alguma coisa, não lhes dá o direito de estar com uma mulher e por último, que a má educação não fica bem a ninguém. Perante estes factos, ainda se espantam com a falta de casais (mulheres), colocando a culpa nos proprietários dos espaços. Portanto, a culpa é de todos menos deles. E assim vamos, os casais cada vez gostam menos, de locais onde estes senhores possam estar, os singles que se comportam como verdadeiros cavalheiros, sofrem por “tabela” e uma mulher que gostaria de estar com o seu marido e outro homem, vê essa fantasia adiada e sem perspectivas de vir a ser realizada.

Sendo uma defensora da inclusão, isto entristece-me. Acredito que há espaço para todos e que todos podemos privar no mesmo lugar, mas as mentalidades têm que mudar. Estes senhores precisam de interiorizar, que as pessoas são livres de fazer o que bem entenderem, que ninguém os obrigou a estar naquele lugar (e muita sorte têm em poder estar), que ninguém os obrigou a pagar e que ninguém lhes prometeu absolutamente nada.

Tendo estas premissas presentes, os ambientes tornam-se muito mais saudáveis, as pessoas ficam mais descontraídas e consequentemente mais ousadas. Resultando naturalmente, num aumento da taxa de sucesso dos singles masculinos. Ninguém é interessante se estiver desesperado, se culpabilizar os outros pelas suas escolhas e se estiver sempre a cobrar. Este tipo de táticas pode funcionar com algumas pessoas, mas de uma forma geral, só as afasta. Saber estar é o maior trunfo de todos nós. As pessoas tornam-se muito mais atraentes, aumentando consideravelmente as hipóteses de haver interacção entre casais e singles masculinos.

O mundo liberal é bonito e por norma não existem problemas. Os que existem são facilmente solucionáveis, sem ser necessário recorrer a força bruta, como na maioria das discotecas ou bares. A minha intenção não é assustar ninguém, pois a maioria das pessoas cumpre as regras e sabe estar, mas “não há bela sem senão”.

Fonte: Francisca e João (Casal Swinger desde 2004)

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