Poderia dizer, que o meu início de vida daria uma bela história, para alimentar todos os tabloides deste país, pelo menos, durante umas breves semanas. Filha de gente “importante”, só porque sou filha da política. De gente que nunca fez nada por ninguém, de gente que não foi digna do cargo que ocupou, de gente que não subiu na vida por mérito, de gente fraca.
Porém, fazíamos parte da elite e sempre fomos e seremos uma “linda” família aos olhos dos outros. Elegantes, bonitos, ricos e mais uns tantos atributos superficiais, que causam imensa inveja entre a multidão. Inveja, o pior dos sentimentos, mas que as pessoas insistem em querer causar nos outros e nisso, a minha mãe sempre foi exímia.
Todos queriam ser vistos connosco, só isso, concedia-lhes estatuto social. Fora que, éramos tidos como uma família feliz e a felicidade, também causa uma imensa inveja entre os demais. Aos 8 anos de idade, perguntei à minha mãe, se era normal o tio tocar-me intimamente (não com estas palavras naturalmente). Nunca mais me esqueci da resposta que recebi, “Nós não falamos sobre esses assuntos, porque somos uma família feliz.”.
Acordei tarde, tínhamos ficado a dormir no nosso refúgio. Ele dormia serenamente na nossa cama, que na noite anterior tinha sido palco, de mais uma das nossas loucuras (menage à trois – com um homem). O cheiro a sexo ainda estava no ar. Sorri levemente e decidi que estava na hora de me levantar, tinha de comer. Enquanto as torradas estavam a ser feitas, encostei-me à lateral da enorme janela do nosso refúgio e olhei para ele, o meu mundo estava todo naquela cama e não lá fora. Éramos e seriamos sempre o mundo um do outro.
Na manhã seguinte |
O barulho da torradeira despertou-o. Começou a procurar-me na cama, com uma das suas mãos e eu sorri uma vez mais, sabia que ele iria abrir os olhos em breves segundos. Olhou-me com um amor imenso e recebeu de volta o mesmo olhar. Sem proferir uma palavra, fui comer e ele foi tomar um duche. Ele gosta de duches demorados, são momentos em que organiza ideias e que consegue relaxar. Por norma não me junto a ele, mas hoje era diferente. Entrei na cabine de duche e abraçamos-nos de imediato. Ficámos ali, debaixo da água quente, sem nos movermos por um tempo relativamente indeterminado.
Quando tinha 19 anos de idade e ele 20, afastamos-nos, porque ele assim o quis. Tinha conhecido uma rapariga e queria tentar com ela. Descreveu-a como meiga, divertida, sociável e sem grande carga emocional a “reboque”. Deixei-o ir, sem uma lágrima, sem questionar e sem implorar absolutamente nada. A minha vida não acabou, mas o meu coração “partiu-se em mil pedaços”. Se alguém notou? Não. Ele seria o único com a capacidade de perceber e por isso mesmo, deixei de ir a eventos sociais onde ele pudesse estar presente. Afinal, éramos os dois, filhos de gente “importante” e foi num desses eventos que nos conhecemos, tinha eu 14 e ele 15.
A despedida |
Durante os três anos seguintes, os homens que passaram na minha vida foram conquistas passageiras, numa tentativa desesperada de encontrar em algum deles, um vestígio do meu amor… Se serviram para alguma coisa, sim. Serviram para provar a mim mesma que era apetecível, que ainda tinha poder e que não precisava de ninguém para continuar a minha vida.
A minha mãe, apesar de ser péssima, sempre foi muito inteligente e percebeu que tinha que intervir, caso contrário, corria o risco de estragar a imagem da família perfeita e feliz e tratou de arranjar um noivo para a sua única filha.
O noivado |
Aceitei-o de “braços abertos”, por três razões. Primeira, porque percebi de imediato que era homossexual, segunda, porque era o passaporte para me ver livre dela (minha mãe) e terceira, era 20 anos mais velho do que eu. Por outro lado, ela escolheu-o por ser um homem poderoso, rico e que precisava de uma mulher para manter a fachada. Pela segunda vez, fui conivente com a minha mãe, ajudando-a a manter a imagem de família perfeita.
O noivado foi anunciado e depois de 3 anos de silêncio, ele ligou-me. Deu-me os parabéns pelo meu noivado, secamente agradeci e disse-lhe, “Só me voltes a ligar quando tiveres alguma coisa importante para me dizer”. Não esperei pela sua resposta, não podia, estava prestes a desfazer-me em lágrimas.
Silêncio quebrado |
Encostada à parede do meu quarto, deixei-me escorregar até ficar sentada no chão. E ali fiquei, com as lágrimas a escorrerem pelo rosto, sem ter como as fazer parar. Não chorava desde os meus 12 anos de idade e aquele foi o momento em que chorei por tudo o que me tinha acontecido e também, por ter percebido que ele não estava feliz. Poderia ter ficado feliz por isso, mas não, a infelicidade dele nunca me traria felicidade.
Entretanto passaram-se mais 2 anos e finalmente chegou o dia do meu casamento. Foi um dia muito feliz, tanto para mim, como para o meu marido. Tínhamo-nos tornado amigos, eu sabia tudo da vida dele e ele sabia apenas uma parte da minha.
ELE voltou a ligar-me, 4 meses após o meu casamento. Disse que precisava de falar comigo, sobre um assunto importante e convidou-me para beber um copo. O meu marido estava comigo e ouviu o telefonema, olhou-me com candura e disse, “Vai”. Meti-me no carro, abri a janela e deixei que o ar daquela noite quente de Agosto me levasse até onde tínhamos ficado, quando eu tinha 19 e ele 20.
Cheguei ao local de sempre e lá estava ele, sentado numa mesa de frente para a porta, a fumar o seu cigarro e a beber um café. Sorri e ele retribuiu, estávamos ambos nervosos. Sentei-me, pedi um café, acendi o meu cigarro e sem demoras, perguntei o que estávamos ali a fazer. “Vou casar daqui a um mês” disse ele e de imediato os seus olhos encheram-se de lágrimas e disse, “Amo-te desde que te conheci e nunca mais vou amar outra pessoa. Como tiveste coragem de me deixar ir, sem sequer me pedir para ficar?”. Olhei-o com o amor de sempre e disse-lhe, “Foste tu que quiseste ir, não fui eu que te deixei ir.”. Levantei-me, paguei a conta e convidei-o para vir comigo.
Dei-lhe as chaves do carro e disse que me levasse onde quisesse, que hoje a noite era nossa. E assim foi, levou-me até à nossa discoteca favorita, entrámos pela porta VIP (sempre fizemos uso dos privilégios de sermos filhos de gente “importante”), para ser mais rápido e dirigimos-nos ao piso inferior. Pedimos as nossas bebidas e fomos para o meio da pista, que estava cheia… Ele agarrou os meus longos cabelos e pressionou a minha cabeça na direcção da dele, não ofereci qualquer resistência, ele seria o único homem a quem daria o poder de me dominar.
Passados 5 anos, ali estávamos nós no meio da multidão, completamente sozinhos. Sempre fomos dois solitários, unidos para sempre, por algo inexplicável. Deixei-o beijar-me e fazer comigo o que lhe apetecesse. Porque o que lhe apetecia a ele, iria sempre apetecer-me a mim e vice-versa. Inevitavelmente, acabou por me convidar para o acompanhar até à casa de banho, um velho hábito, daqueles que nunca queremos ou devemos perder.
Hábitos que nunca se perdem |
Entrámos e fechámos-nos numa das cabines. Encostei-o à parede e desapertei-lhe as calças, senti-o duro e quente na minha mão, ele encostou a cabeça à parede e deixou-me fazer o resto. Desci e meti-o todo na boca. Adorava fazer-lhe aquilo, era maravilhoso senti-lo quente e sentir os pequenos espasmos de prazer que ele tinha, sempre que o encostava à garganta. Aprendi muito cedo a fazer tudo o que os homens gostam, tive um excelente “professor”, mas aquele era o único que tinha o melhor de mim. Os outros, seriam sempre pequenas diversões, com os quais não despendia grande energia.
A certa altura agarrou-me pelos cabelos, fazendo-me subir e beijou-me com um amor imenso. Sem aviso prévio, virou-me de costas e mandou-me colocar as mãos na parede, obedeci… Colocou uma mão atrás do meu pescoço e com a outra puxou a minha cintura na direcção da sua, subiu a minha saia e arrancou a minha lingerie. Meteu dois dedos na minha vagina e chupou-os, percebendo que estava mais do que pronta para ele.
Agarrou o meu pescoço com mais força e introduziu-o todo, fodeu-me com força, exactamente como eu gosto. O meu orgasmo foi quase imediato, mas como sempre, ele aguentou até eu ter o meu segundo, para depois se vir todo dentro de mim. Foi intenso, como sempre tinha sido e se alguém percebeu o que tinha acontecido, nós não demos por isso.
Saímos da discoteca e fomos directos para o carro, abrimos as janelas e ficámos durante algum tempo, sentados em silêncio. Acabei por lhe dar os parabéns pelo casamento e vi um rasgo de raiva no seu olhar, que retribui com um olhar triste e cheio de mágoa. Perante a minha reação, ele percebeu o quanto me tinha magoado e finalmente, teve a certeza de que tanto precisava… que eu o amava e que iria ser para sempre.
Depois do duche, vestimo-nos calmamente, mas tinha chegado o momento de voltar para casa. Eu ia festejar o meu 10º aniversário de casamento e ele ia para junto da sua mulher e filho. Olhando para trás, hoje entendo que o nosso afastamento foi crucial, ele sempre quis ter filhos e eu nunca lhe teria dado um.
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