Uma crença geral sobre comportamentos desviados são formados e mantidos por diversas instituições legítimas estaduais e religiosas.
O que outrora era considerado uma depravação, hoje é completamente aceitável, como por exemplo a masturbação ou o sexo oral. Porém, apesar de desenvolvimentos visíveis numa direcção positiva, o sexo anal ainda é comummente considerado tabu, apoiado por mitos que se opõem à lógica, ciência e experiências porque são baseados em informações erróneas e no medo do desconhecido.
Se não queremos que estes mitos nos desencorajem de praticar e desfrutar do sexo anal, devemos centrar-nos neles, mesmo que tornem, por vezes, o sexo anal excitante.
Literalmente, toda a gente desfruta no sexo anal, independentemente do seu estatuto sexual, da simpática vizinha sardenta, à dominatrix arrojada numa masmorra. Na verdade, quase todos os estudo actuais e livros sobre sexualidade deixaram de classificar o sexo anal como prática pouco usual ou desviante, onde ainda se encontram o sadomasoquismo, sexo em grupo, micção e dominação. O sexo anal é normalmente colocado depois do capítulo do sexo vaginal e oral. A afirmação de que o sexo anal é anormal ou perveso baseia-se em preconceitos religiosos profundamente enraizados, e de acordo com eles, só o sexo heterossexual que tem como objectivo a reprodução é natural e normal.
Qualquer parte do corpo pode ser uma zona erógena que pode ser usada para a sexualidade. O ânus e o recto têm numerosos terminais nervosos altamente sensíveis e a sua estimulação através do toque ou penetração podem ser muito agradáveis para homens e mulheres. Durante o sexo anal, também é possível estimular a vagina e o ponto G da mulher ou a próstata e base do pénis do homem. Afinal, a abertura da outra terminação do trato alimentar (digestivo) não serve unicamente para o seu objectivo principal.
Se tiver em consideração as regras básicas da higiene, o sexo anal não é mais sujo do que os outros tipos de relações sexuais. A maior parte das descargas são mantidas no intestino e só uma pequena quantidade é normalmente depositada do recto, onde acaba por estar devido aos movimentos efectuados no intestino grosso. Tal como antes de qualquer momento íntimo, é também recomendado que tome um duche e lave a área em torno do ânus antes do sexo anal, enquanto outras medidas especiais, como clisteres, não são necessárias. Em qualquer caso, o pénis deve ser cuidadosamente limpo depois da penetração anal e deve ser usado um preservativo se planear continuar com penetração vaginal.
A ligação entre o sexo anal e os homossexuais tem origem na homofobia sexual, profundamente enraizada. Toda a gente gosta de sexo anal, independentemente da sua orientação sexual ou género. Apesar de ser verdade que a maioria dos homossexuais praticam sexo anal, estudos revelam que este número é muito mais baixo do que se acredita, em geral: 50 a 60% experimentaram e só 30% praticam sexo anal regularmente. O fellatio ou sexo oral é de prática muito mais comum entre os gays. De acordo com os estudos, o sexo anal é praticado por 20 a 45% das mulheres, daí não há provas de que qualquer grupo classificado em termos de orientação sexual pratique sexo anal com mais frequência que outro grupo. Segundo um aumento tremendo na venda de tampões anais, concluiríamos que ultimamente são os heterossexuais os principais interessados no sexo anal.
Se o sexo anal for acompanhado por desejo, à vontade, comunicação e confiança entre os parceiros, bem como muito lubrificante, é completamente indolor, extremamente agradável e excitante. A abertura da entrada do ânus é controlada por dois músculos do esfíncter: os esfíncters interno e externo. O esfíncter anal interno é controlado pelo sistema nervoso autónomo, enquanto o esfíncter anal externo é de controlo voluntário. O relaxamento é também alcançado pela estimulação do clitóris e preparações graduais para a penetração com o pénis; pode usar os dedos, tampões anais e pequenos vibradores. Se sentir dor, o seu corpo está a tentar dizer-lhe que está a fazer algo errado e que é melhor parar. Se ignorar o seu corpo, pode magoar-se e a experiência vai impedi-la de relaxar e desfrutar, noutra ocasião, do sexo anal.
O mito tem como origem uma ligação inseparável, apesar de incorrecta, entre o sexo anal e os homens homossexuais. Na maioria dos casos, os homens que se consideram heterossexuais e que querem praticar sexo anal com uma mulher, no papel activo ou passivo, não escondem ou reprimem quaisquer preferências homossexuais. Um desejo por uma prática sexual específica não depende da orientação sexual de um indivíduo. Se foi estabelecido que mais homossexuais pratico mais felação do que sexo anal, porque é que os homens heterossexuais que gostam de sexo oral não são considerados homossexuais?
Este mito é particularmente insidioso. É baseado em histórias sobre um homem que implora à sua mulher durante muitos anos e ela lhe faz finalmente a vontade, mas detesta. Isto talvez tenha acontecido porque provavelmente a mulher não queria praticar sexo anal e sentiu que tinha que o fazer, por isso não conseguiu relaxar e o homem não o fez correctamente da primeira vez. Também nunca se ouviu falar de mulher que quisesse praticar sexo anal simplesmente porque é a coisa certa a fazer. De acordo com um colunista: “O sexo anal é aceite como um ultimato e uma fantasia masculina.” A nossa cultura simplesmente não compreende que uma mulher possa realmente gostar de sentir o pénis no traseiro.
Como os tecidos do ânus e do recto são sensíveis e rasgam-se facilmente, a transmissão de vírus através dos tecidos para a corrente sanguínea pode ser mais fácil. Assim, é verdade que o sexo anal desprotegido com uma pessoa infectada apresenta um risco mais elevado para os dois parceiros na contracção de doenças sexualmente transmissíveis, incluindo o HIV, do que o sexo vaginal. Isto também se aplica ao anilingus e à penetração com os dedos. Porém, o sexo anal não deve ser igualado a SIDA. Se usar o seu senso comum, um preservativo e um lubrificante quando praticar sexo anal com uma pessoa HIV-negativa, é tão seguro como qualquer outra forma de sexo.
Por T.B.
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