Depois foi em 2015, com a adaptação ao cinema do romance erótico de E. L. James. Segundo a revista Sábado, só no ano de lançamento do livro, a venda de brinquedos sexuais aumentou cerca de 400% e nasceu um novo grupo denominado "Mommy Porn" (pornografia para mãe).
Aparte do sucesso da trilogia, o Dia Internacional do Fetiche é assinalado a 16 de janeiro mas, mais do que marcar uma data no calendário, o objetivo deste dia é chamar a atenção e criar apoio para a comunidade fetichista, ao encorajar os seus membros, e a sociedade em geral, a ser mais aberta em relação à sua sexualidade.
Mas, o que é o fetiche? "O fetiche foi classificado pela psicanálise como uma perversão, ou seja, uma manifestação disfuncional da sexualidade. Hoje, o DSM (Manual de Diagnóstico e Estatística das Doenças Mentais) define o fetichismo como uma parafilia", explica Marta Xavier Cuntim, psicóloga clínica, na Oficina de Psicologia.
E o que é uma parafilia? "É um padrão de comportamento sexual, no qual, geralmente, a fonte de prazer não se encontra na penetração, mas noutras interações sexuais. São considerados parafilias os padrões de comportamento sexual nos quais o interesse não está no ato em sim (por exemplo, coprofilia), mas no objeto (pedofilia). As parafilias mais comuns são: exibicionismo, fetichismo, fetichismo travestido, frotteurismo, pedofilia, masoquismo, sadismo, voyeurismo", esclarece a psicóloga clínica.
Eu tenho um fetiche
Rui tem 35 anos, é realizador e fotógrafo free lancer e tem um fetiche. Chama-se tricofilia e trata-se de "um interesse primordial por cabelos. Os cabelos (e pêlos púbicos) têm uma relevância quase determinante nas minhas escolhas sexuais. Digo "quase" porque este fetiche é ainda periférico em mim. É muito importante mas ainda não é totalmente determinante. Há outras condicionantes que podem ainda sobrepor-se a essa preferência, mas o cabelo é sem dúvida a primeira coisa em que reparo e quando estou com alguém e sinto que é um elemento que catalisa a minha excitação durante o sexo", explica.
A sua atração pelo cabelo tem uma explicação simples: "Um cabelo bem cuidado, luminoso, suave, com "vida própria" é das coisas mais sedutoras que posso apreciar. Ao dizer isto parece quase uma analogia à lenda da Medusa, mas por vezes é mesmo. Há cabelos que hipnotizam", conclui.
Rui foi ganhando perceção do seu fetiche graças à sua profissão pois "enquanto apreciador de vídeo e fotografia, sempre me fascinou imagens de cabelos. E quanto mais naturais melhor. Cabelos ao vento, cabelos em movimento, cabelos caídos sobre caras, ombros e costas. Os cabelos reservam algum tipo de mistério que desde muito cedo me despertou a curiosidade", relembra.
O fotógrafo, que assume dar mais importância ao cabelo de uma mulher, e à forma como é penteado, do que, por exemplo, a roupa ou a maquilhagem, recorda o momento em que tudo mudou: “Fui ver uma peça de teatro que também tinha momentos de dança. Não me lembro de nada da peça, mas lembro-me perfeitamente do cabelo de uma das atrizes e da forma como ele se movia quando ela dançava... e do quanto isso me excitou. Fiquei com essa imagem gravada e comecei então a tomar consciência da importância que os cabelos tinham para a minha libido. E isso passou a confirmar-se nas experiências sexuais posteriores. E é assim que os fetiches passam de periféricos a integrados”.
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