Eu tenho um fetiche. E tu?

Eu tenho um fetiche. E tu?

Primeiro foi em 2011, com o lançamento da trilogia "As Cinquenta Sombras de Grey". "Este romance erótico pôs as gravatas cinzentas no primeiro lugar da lista de compras de muitas esposas, na esperança de que os respetivos maridos viessem a imitar a personalidade obsessiva, imperiosa e intimidante de Grey, com muitas a admitirem que o livro lhes despertou um desejo intenso por sexo com os companheiros", escreveu o Daily Mail.

Depois foi em 2015, com a adaptação ao cinema do romance erótico de E. L. James. Segundo a revista Sábado, só no ano de lançamento do livro, a venda de brinquedos sexuais aumentou cerca de 400% e nasceu um novo grupo denominado "Mommy Porn" (pornografia para mãe).

Aparte do sucesso da trilogia, o Dia Internacional do Fetiche é assinalado a 16 de janeiro mas, mais do que marcar uma data no calendário, o objetivo deste dia é chamar a atenção e criar apoio para a comunidade fetichista, ao encorajar os seus membros, e a sociedade em geral, a ser mais aberta em relação à sua sexualidade.

Mas, o que é o fetiche? "O fetiche foi classificado pela psicanálise como uma perversão, ou seja, uma manifestação disfuncional da sexualidade. Hoje, o DSM (Manual de Diagnóstico e Estatística das Doenças Mentais) define o fetichismo como uma parafilia", explica Marta Xavier Cuntim, psicóloga clínica, na Oficina de Psicologia.

E o que é uma parafilia? "É um padrão de comportamento sexual, no qual, geralmente, a fonte de prazer não se encontra na penetração, mas noutras interações sexuais. São considerados parafilias os padrões de comportamento sexual nos quais o interesse não está no ato em sim (por exemplo, coprofilia), mas no objeto (pedofilia). As parafilias mais comuns são: exibicionismo, fetichismo, fetichismo travestido, frotteurismo, pedofilia, masoquismo, sadismo, voyeurismo", esclarece a psicóloga clínica.

Eu tenho um fetiche

Rui tem 35 anos, é realizador e fotógrafo free lancer e tem um fetiche. Chama-se tricofilia e trata-se de "um interesse primordial por cabelos. Os cabelos (e pêlos púbicos) têm uma relevância quase determinante nas minhas escolhas sexuais. Digo "quase" porque este fetiche é ainda periférico em mim. É muito importante mas ainda não é totalmente determinante. Há outras condicionantes que podem ainda sobrepor-se a essa preferência, mas o cabelo é sem dúvida a primeira coisa em que reparo e quando estou com alguém e sinto que é um elemento que catalisa a minha excitação durante o sexo", explica.

A sua atração pelo cabelo tem uma explicação simples: "Um cabelo bem cuidado, luminoso, suave, com "vida própria" é das coisas mais sedutoras que posso apreciar. Ao dizer isto parece quase uma analogia à lenda da Medusa, mas por vezes é mesmo. Há cabelos que hipnotizam", conclui.

Rui foi ganhando perceção do seu fetiche graças à sua profissão pois "enquanto apreciador de vídeo e fotografia, sempre me fascinou imagens de cabelos. E quanto mais naturais melhor. Cabelos ao vento, cabelos em movimento, cabelos caídos sobre caras, ombros e costas. Os cabelos reservam algum tipo de mistério que desde muito cedo me despertou a curiosidade", relembra.

O fotógrafo, que assume dar mais importância ao cabelo de uma mulher, e à forma como é penteado, do que, por exemplo, a roupa ou a maquilhagem, recorda o momento em que tudo mudou: “Fui ver uma peça de teatro que também tinha momentos de dança. Não me lembro de nada da peça, mas lembro-me perfeitamente do cabelo de uma das atrizes e da forma como ele se movia quando ela dançava... e do quanto isso me excitou. Fiquei com essa imagem gravada e comecei então a tomar consciência da importância que os cabelos tinham para a minha libido. E isso passou a confirmar-se nas experiências sexuais posteriores. E é assim que os fetiches passam de periféricos a integrados”.

Posted on 2016-01-22 0 5615

Leave a CommentLeave a Reply

Blog categories

Últimos Comentários

Blog search

Compare 0
Prev
Next

No products

To be determined Shipping
0,00 € Total

Check out